Estados Unidos acusam China de ameaçar segurança regional com pressão sobre Taiwan
As Forças Armadas chinesas anunciaram esta quarta-feira que vão continuar os exercícios militares no centro e sul do Estreito de Taiwan para "testar as capacidades das tropas", no seguimento das manobras militares de terça-feira. Os Estados Unidos já reagiram e acusam Pequim de “pôr em perigo” a segurança regional.
O Exército de Libertação Popular (ELP) da China iniciou os exercícios conjuntos sem aviso prévio na manhã de terça-feira, enviando 76 aviões e mais de 20 navios da Marinha e da Guarda Costeira, incluindo o grupo de porta-aviões Shandong, para posições em torno da ilha principal de Taiwan, em linha com os dois últimos exercícios em grande escala junto à ilha, realizados em maio e outubro de 2024. Esta quarta-feira, o Exército de Libertação Popular afirmou que os exercícios iriam continuar na área centro e sul do Estreito de Taiwan, praticando o ataque a portos chave e infraestruturas energéticas. Em contraste com os exercícios de terça-feira, Pequim revelou que iria usar fogo real esta quarta-feira.
Os exercícios, designados Straits Thunder-2025 A, centram-se em tarefas de "identificação e verificação", "aviso e expulsão" e "interceção e detenção", para "testar as capacidades das tropas" em domínios como "controlo aéreo, bloqueio e ataques de precisão contra alvos-chave", afirmou, em comunicado, o porta-voz do Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, coronel Shi Yi.
A Administração de Segurança Marítima da China anunciou na terça-feira uma zona fechada para a navegação devido a exercícios militares até quinta-feira à noite numa área ao largo da parte norte da província oriental de Zhejiang, a mais de 500 quilómetros de Taiwan.
Os exercícios vêm na sequência da visita à Ásia do secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, durante a qual este criticou repetidamente Pequim. O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou esta quarta-feira que os exercícios militares chineses prosseguem. E que a ilha está cercada por dezenas de aviões e navios de guerra chineses.Os exercícios foram acompanhados por material de propaganda, incluindo vídeos que retratam um ataque a Taiwan e um desenho animado que representa o presidente de Taiwan como um inseto a ser segurado por pauzinhos sobre Taipé em chamas. Foram ainda lançados um cartaz intitulado “closing in” e um segundo placar intitulado “paralisia”.
Os governantes do Partido Comunista Chinês (PCC) afirmam que Taiwan é uma província que deve ser “reunificada” com o continente e não excluíram o uso da força para o fazer.
Os analistas acreditam que o Exército de Libertação Popular ainda não tem capacidade para uma invasão em grande escala, mas, entretanto, lança regularmente tácitas de provocação em zona cinzenta, exercícios militares, guerra económica, legal e cibernética e campanhas de desinformação.
Numa série de declarações, os funcionários do Governo chinês afirmaram que os exercícios tinham como alvo a atividade “separatista” do presidente de Taiwan, Lai Ching-te, que no mês passado designou a China como uma “força estrangeira hostil”.
O jornal chinês Global Times, publicado pelo jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, revela que foi utilizado equipamento avançado, apontando para imagens do exército que mostram mísseis balísticos YJ-21 lançados do ar sob bombardeiros H-6K.
O H-6K é um avião de ataque de longo alcance, enquanto o YJ-21 é uma arma anti navio avançada. Os aviões H-6, alguns dos quais têm capacidade para transportar armas nucleares, estiveram envolvidos em exercícios anteriores em torno de Taiwan e também foram vistos no disputado Mar do Sul da China.
Os anteriores jogos de guerra chineses também praticaram ataques de precisão e o bloqueio da ilha.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu esta quarta-feira que certas pessoas nas Filipinas não façam “comentários infundados” sobre Taiwan, alertando que “aqueles que brincam com fogo se queimarão”. Os comentários do porta-voz do Ministério, Guo Jiakun, numa conferência de imprensa regular, surgiram em resposta ao chefe das forças armadas das Filipinas, Romeo Brawner, que disse aos soldados para “começarem a planear ações no caso de haver uma invasão de Taiwan”.
“Se algo acontecer a Taiwan, inevitavelmente estaremos envolvidos”, disse Brawner num discurso na terça-feira.“Comportamento desestabilizador da China”
Esta quarta-feira, o Departamento de Estado norte-americano afirmou que continua empenhado em Taiwan e noutros aliados e parceiros “face às táticas de intimidação e ao comportamento desestabilizador da China”. Os Estados Unidos, o mais importante apoiante internacional de Taipé e principal fornecedor de armas, apesar da falta de laços diplomáticos formais, condenaram os exercícios.
"Mais uma vez, as atividades militares agressivas e a retórica da China em relação a Taiwan só servem para exacerbar as tensões e pôr em perigo a segurança regional e a prosperidade global", declarou o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado.
A Casa Branca reiterou "a oposição dos Estados Unidos a qualquer tentativa unilateral de alterar o status quo pela força ou pela coerção".
O Japão e a União Europeia também manifestaram a sua preocupação.
"Apelamos a todas as partes para que deem provas de contenção e evitem qualquer ação que possa agravar as tensões", declarou a porta-voz do serviço diplomático da União Europeia, Anitta Hipper.
"Força externa hostil"
O líder de Taiwan, William Lai Ching-te, proferiu recentemente um dos mais duros discursos contra a China, anunciando 17 medidas - incluindo o restabelecimento dos tribunais militares e uma análise rigorosa das visitas de cidadãos chineses a Taiwan - para contrariar o que descreveu como uma campanha de infiltração do Partido Comunista Chinês na ilha.
Pela primeira vez, William Lai classificou a China como uma "força externa hostil", o que foi interpretado por alguns analistas como uma mudança nas políticas defendidas pelo seu antecessor e uma tentativa de alterar o estatuto de Taiwan.
Taiwan é governada de forma autónoma desde 1949 e possui o seu próprio exército e um sistema político, económico e social, diferente do da República Popular da China, mas Pequim considera Taiwan "parte inalienável" do seu território.
Lai, que ganhou as eleições e assumiu o cargo no ano passado, rejeita as reivindicações de soberania de Pequim e diz que só o povo de Taiwan pode decidir o seu futuro.
Tanto o partido de William Lai Ching-te - o DPP, pró-soberania - como o KMT, na oposição, opõem-se ao domínio do Partido Comunista Chinês (PCC) sobre Taiwan, embora tenham opiniões diferentes sobre a forma de manter a paz.
A opinião pública de Taiwan também se opõe esmagadoramente ao domínio de Pequim. No entanto, o PCC afirma que tem soberania histórica sobre Taiwan e que a maioria das pessoas - contando com os 1,4 mil milhões de habitantes da China - apoia a “reunificação”.
A China intensificou nos últimos anos a pressão sobre o território, organizando com frequência exercícios militares de grande envergadura que simulam um bloqueio marítimo e aéreo da ilha.
EUA vendem 20 caças F-16 às Filipinas
Os Estados Unidos anunciaram, na terça-feira, que aprovaram a venda de 20 aviões de combate F-16 às Filipinas, um contrato avaliado em 5,2 mil milhões de euros. Segundo um comunicado do Departamento de Estado, a venda visa apoiar "a segurança de um parceiro estratégico".
Manila mantém uma prolongada disputa territorial com Pequim sobre o Mar do Sul da China.
O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, de visita às Filipinas na semana passada, disse que Washington e Manila devem "manter-se unidos" contra a China, no meio da crescente assertividade de Pequim na Ásia-Pacífico.
Hegseth, afirmou em Manila que Washington vai disponibilizar armamento militar avançado, incluindo mísseis anti navio, para "reforçar a dissuasão" contra a China.
"Concordámos que os EUA vão disponibilizar capacidades avançadas adicionais às Filipinas. Isto inclui a utilização do sistema de mísseis anti navio NMESIS e de veículos de superfície não tripulados", disse Hegseth, numa conferência de imprensa em Manila.
O sistema de mísseis anti navio, montado numa plataforma de lançamento móvel não tripulada, será utilizado nas Filipinas durante os exercícios militares Balikatan, em abril. Os EUA participam nestes exercícios, juntamente com outros países como a Austrália e o Japão. O exercício do ano passado reuniu 16 mil soldados.
Os exercícios, designados Straits Thunder-2025 A, centram-se em tarefas de "identificação e verificação", "aviso e expulsão" e "interceção e detenção", para "testar as capacidades das tropas" em domínios como "controlo aéreo, bloqueio e ataques de precisão contra alvos-chave", afirmou, em comunicado, o porta-voz do Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, coronel Shi Yi.
A Administração de Segurança Marítima da China anunciou na terça-feira uma zona fechada para a navegação devido a exercícios militares até quinta-feira à noite numa área ao largo da parte norte da província oriental de Zhejiang, a mais de 500 quilómetros de Taiwan.
Os exercícios vêm na sequência da visita à Ásia do secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, durante a qual este criticou repetidamente Pequim. O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou esta quarta-feira que os exercícios militares chineses prosseguem. E que a ilha está cercada por dezenas de aviões e navios de guerra chineses.Os exercícios foram acompanhados por material de propaganda, incluindo vídeos que retratam um ataque a Taiwan e um desenho animado que representa o presidente de Taiwan como um inseto a ser segurado por pauzinhos sobre Taipé em chamas. Foram ainda lançados um cartaz intitulado “closing in” e um segundo placar intitulado “paralisia”.
Os governantes do Partido Comunista Chinês (PCC) afirmam que Taiwan é uma província que deve ser “reunificada” com o continente e não excluíram o uso da força para o fazer.
Os analistas acreditam que o Exército de Libertação Popular ainda não tem capacidade para uma invasão em grande escala, mas, entretanto, lança regularmente tácitas de provocação em zona cinzenta, exercícios militares, guerra económica, legal e cibernética e campanhas de desinformação.
Numa série de declarações, os funcionários do Governo chinês afirmaram que os exercícios tinham como alvo a atividade “separatista” do presidente de Taiwan, Lai Ching-te, que no mês passado designou a China como uma “força estrangeira hostil”.
O jornal chinês Global Times, publicado pelo jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, revela que foi utilizado equipamento avançado, apontando para imagens do exército que mostram mísseis balísticos YJ-21 lançados do ar sob bombardeiros H-6K.
O H-6K é um avião de ataque de longo alcance, enquanto o YJ-21 é uma arma anti navio avançada. Os aviões H-6, alguns dos quais têm capacidade para transportar armas nucleares, estiveram envolvidos em exercícios anteriores em torno de Taiwan e também foram vistos no disputado Mar do Sul da China.
Os anteriores jogos de guerra chineses também praticaram ataques de precisão e o bloqueio da ilha.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu esta quarta-feira que certas pessoas nas Filipinas não façam “comentários infundados” sobre Taiwan, alertando que “aqueles que brincam com fogo se queimarão”. Os comentários do porta-voz do Ministério, Guo Jiakun, numa conferência de imprensa regular, surgiram em resposta ao chefe das forças armadas das Filipinas, Romeo Brawner, que disse aos soldados para “começarem a planear ações no caso de haver uma invasão de Taiwan”.
“Se algo acontecer a Taiwan, inevitavelmente estaremos envolvidos”, disse Brawner num discurso na terça-feira.“Comportamento desestabilizador da China”
Esta quarta-feira, o Departamento de Estado norte-americano afirmou que continua empenhado em Taiwan e noutros aliados e parceiros “face às táticas de intimidação e ao comportamento desestabilizador da China”. Os Estados Unidos, o mais importante apoiante internacional de Taipé e principal fornecedor de armas, apesar da falta de laços diplomáticos formais, condenaram os exercícios.
"Mais uma vez, as atividades militares agressivas e a retórica da China em relação a Taiwan só servem para exacerbar as tensões e pôr em perigo a segurança regional e a prosperidade global", declarou o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado.
A Casa Branca reiterou "a oposição dos Estados Unidos a qualquer tentativa unilateral de alterar o status quo pela força ou pela coerção".
O Japão e a União Europeia também manifestaram a sua preocupação.
"Apelamos a todas as partes para que deem provas de contenção e evitem qualquer ação que possa agravar as tensões", declarou a porta-voz do serviço diplomático da União Europeia, Anitta Hipper.
"Força externa hostil"
O líder de Taiwan, William Lai Ching-te, proferiu recentemente um dos mais duros discursos contra a China, anunciando 17 medidas - incluindo o restabelecimento dos tribunais militares e uma análise rigorosa das visitas de cidadãos chineses a Taiwan - para contrariar o que descreveu como uma campanha de infiltração do Partido Comunista Chinês na ilha.
Pela primeira vez, William Lai classificou a China como uma "força externa hostil", o que foi interpretado por alguns analistas como uma mudança nas políticas defendidas pelo seu antecessor e uma tentativa de alterar o estatuto de Taiwan.
Taiwan é governada de forma autónoma desde 1949 e possui o seu próprio exército e um sistema político, económico e social, diferente do da República Popular da China, mas Pequim considera Taiwan "parte inalienável" do seu território.
Lai, que ganhou as eleições e assumiu o cargo no ano passado, rejeita as reivindicações de soberania de Pequim e diz que só o povo de Taiwan pode decidir o seu futuro.
Tanto o partido de William Lai Ching-te - o DPP, pró-soberania - como o KMT, na oposição, opõem-se ao domínio do Partido Comunista Chinês (PCC) sobre Taiwan, embora tenham opiniões diferentes sobre a forma de manter a paz.
A opinião pública de Taiwan também se opõe esmagadoramente ao domínio de Pequim. No entanto, o PCC afirma que tem soberania histórica sobre Taiwan e que a maioria das pessoas - contando com os 1,4 mil milhões de habitantes da China - apoia a “reunificação”.
A China intensificou nos últimos anos a pressão sobre o território, organizando com frequência exercícios militares de grande envergadura que simulam um bloqueio marítimo e aéreo da ilha.
EUA vendem 20 caças F-16 às Filipinas
Os Estados Unidos anunciaram, na terça-feira, que aprovaram a venda de 20 aviões de combate F-16 às Filipinas, um contrato avaliado em 5,2 mil milhões de euros. Segundo um comunicado do Departamento de Estado, a venda visa apoiar "a segurança de um parceiro estratégico".
Manila mantém uma prolongada disputa territorial com Pequim sobre o Mar do Sul da China.
O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, de visita às Filipinas na semana passada, disse que Washington e Manila devem "manter-se unidos" contra a China, no meio da crescente assertividade de Pequim na Ásia-Pacífico.
Hegseth, afirmou em Manila que Washington vai disponibilizar armamento militar avançado, incluindo mísseis anti navio, para "reforçar a dissuasão" contra a China.
"Concordámos que os EUA vão disponibilizar capacidades avançadas adicionais às Filipinas. Isto inclui a utilização do sistema de mísseis anti navio NMESIS e de veículos de superfície não tripulados", disse Hegseth, numa conferência de imprensa em Manila.
O sistema de mísseis anti navio, montado numa plataforma de lançamento móvel não tripulada, será utilizado nas Filipinas durante os exercícios militares Balikatan, em abril. Os EUA participam nestes exercícios, juntamente com outros países como a Austrália e o Japão. O exercício do ano passado reuniu 16 mil soldados.
Hegseth afirmou no mesmo dia que Washington vai reforçar os laços militares com as Filipinas para fortalecer a dissuasão contra "ameaças dos chineses comunistas" e garantir a liberdade de navegação.
c/ agências